Quem foi Denilson Caribé de Castro?
Muitos dos atuais professores, desconhece ou esqueceram de transmite para seus alunos a história do karatê baiano. E uma dessas histórias que tem relação intima com o karate, é a história de Denilson Caribé.
Denilson
nasceu em 15 de Fevereiro de 1940, na cidade de Santo Amaro da
Purificação, filho de um casal simples formado pelo senhor Lourival
Vieira de Castro e Dona Valda Caribé de Castro. Tornou-se conhecido
apenas por Caribé, sobrenome de sua genitora, ao contrário do que muitos
pensam. Iniciou sua carreira de karateca, oficialmente, no Ginásio
Acrópole em 1961, sob a orientação técnica de um jovem japonês Eisuke
Oishi, de quem se tornou amigo e irmão.
Treinou
e desenvolveu seus conhecimentos no Karatê com grandes mestres com
Yasutaka Tanaka, Lirton Monassa, Sadamu Uriu, Juichi Sagara, Masatoshi
Nakayama, Masahiko Tanaka.
Seu
primeiro exame de faixa foi em Janeiro de 1964, na academia Mei-bu-kan,
São Paulo, do Prof. Akira Taniguchi, passando de faixa branca para
verde. Em dezembro de 1964 foi
promovido para faixa roxa. Participando do I Torneio Nacional de Karatê e
em 1965 do Torneio do Estilo Goju-ryu, sagrando-se Campeão.
Após
alguns anos, com muito esforço, e ajuda de seus amigos Caribé funda a
Associação de Karatê da Bahia, a ASKABA que, inicialmente, funcionava no
subsolo de uma casa localizada em Brotas. Considerada Academia Modelo e a mais perfeita do Brasil, sendo considerada Entidade de Utilidade Pública em Maio de 1972.
Na
hora de se apresentar para exame de faixa preta foi encaminhado ao Rio
de Janeiro pelo Dr. Fauzi Abdala João, então presidente da Federação
Bahiana de Pugilismo, Caribé submete-se a uma banca rigorosíssima,
formada pelos faixas Pretas Yasutaka Tanaka, Juichi Sagara. Tornou-se o
primeiro faixa Preta de Karatê da Bahia. Em 02 de Junho de 1978,
Denílson foi promovido para quarto Dan. Instrutor chefe da NIHON KARATÊ KIOKAY na Bahia.
Ele
foi respeitado nacionalmente por atletas e dirigentes de todos os
esportes: praticou futebol, capoeira, jiu-jitsu. Mas foi no Karatê que
desenvolveu todo o seu corpo e espírito, moldou seu caráter e fixou sua
personalidade marcante e tornou-se um líder.
Era
um aluno dedicado, e um atleta ímpar, professor, árbitro, examinador,
dirigente, tudo que se possa imaginar num esporte, ele foi inigualável:
em todos os setores da vida era conceituado como um homem de qualidades
excelentes: humildade, inteligência, corajoso, educado, tinha um enorme
caráter, e, sobretudo, um homem dotado de elevado espírito de liderança.
O
mestre Denílson, dentre tantos trabalhos realizados, foi o primeiro
professor a introduzir o Karatê para crianças, servindo de modelo para
todo o Brasil.
Em
23 de Outubro de 1985, Caribé falecia tragicamente num acidente
automobilístico indo para cidade de Vitória da Conquista, exatamente 30
dias antes do aniversário da ASKABA, que ele fundou. Sua morte, no auge
de sua carreira, deixou o karate baiano órfão, sem um líder. No entanto,
essencialmente, Caribé não morreu, podemos encontrar um pouco dele em
cada treinamento.
Antes
de falecer Caribé Fundou o Departamento de Karatê da Federação Baiana
de Pugilismo; Idealizou e fundou a Federação Baiana de Karatê; Idealizou
a Confederação Brasileira de Karatê, sonho que não conseguiu realizar,
mas que seus seguidores o representaram na fundação da CBK em
11/09/1987, dois anos após sua morte.
Após
a sua morte a Confederação Brasileira de Karatê outorgou-lhe PATRONO DO
KARATÊ BRASILEIRO, homenagem jamais prestada a outro esportista.
Denílson Caribé tornou-se uma lenda dentro do Karate brasileiro.
Vejam um pouco da trajetória competitiva deste grande atleta e líder.
Junho
de 1965 - Participou da primeira seleção baiana que disputou o primeiro
torneio de âmbito nacional, realizado em São Paulo, viajando pela
rodoviária, com seus próprios recursos, conseguindo o título de Campeão
do Torneio Nacional de Karate. O que não se mudou muito de lá pra cá.
1967 - Participou da nova Seleção Baiana, em torneio realizado no Rio de Janeiro.
1968 - Primeiro campeonato Baiano, com a presença de 3 clubes.
1969 - Primeiro Campeonato Brasileiro Oficial de Karatê. Título: Vice-campeão de katá e vice-campeão de Kumitê.
1970 - Primeiros Jogos de Brasília sagrando-se Campeão de Kumitê por equipe e vice-campeão individual de katá e kumitê.
1971 - III Campeonato Brasileiro - Campeão por Equipe.
Resumindo
seu histórico esportivo Denílson foi penta campeão baiano, campeão
brasileiro por equipe e outros como vice-campeão. Foi vice-campeão no
pan-americano em 1972. Representou o Brasil na França nesse mesmo ano.
Nessa competição comprovou sua garra, seu patriotismo, seu amor ao
karate e ao seu país, honrando a sua terra natal, a Bahia, quando, mesmo
a contragosto do seu técnico, lutou com o braço deslocado conseguindo
ainda se classificar em 5º lugar.
RANGEL, Ivo. Estudo de Karate
Após os 21 anos, exatamente a 15
de abril de 1961 tive meu primeiro contato de fato, com o esporte Karatê. A
realidade correspondeu exatamente à ideia que fazia do que fosse esse esporte.
Imaginava que a coreografia de movimentos rápidos, eficientes, produzisse
efeitos que pudessem despertar o interesse do praticante, cativando-o a ponto
de fazê-lo aprofundar-se cada vez mais no conhecimento da coisa. Conhecimento
este que é imponderável, pois sempre estamos aprendendo algo de novo. O meu
primeiro Mestre, de nacionalidade japonesa, falava português com dificuldade,
enquanto que o meu vocabulário de japonês não ia além de 10 palavras. Assim, a
prática avançava enquanto a teoria caminhava a passos muito lentos. Tive uma
ideia que me custou “os olhos da cara”: comprei livros em inglês, francês e
japonês, paguei caro para que fossem traduzidos e, a partir daí, comecei a ter
muito mais certeza do que fazia.
Depois de quatro anos de
treinamento com Oishi ele me revela mais uma faceta do seu bom caráter. Disse
que já me ensinara tudo que sabia e que, de agora em diante, teríamos que
aprender mais, em centros mais adiantados. Fomos a São Paulo onde disputamos em
1965, um torneio estilo “Godo-riu” e nos sagramos campeões. O que pode parecer
surpreendente, seja a nossa vitória, confesso sem modéstia que o surpreendente
seria a nossa derrota diante do que vimos lá. Se um centro esportivo mais
adiantado nos apresentava o que vimos, um pensamento desalentador passou pelas
nossas cabeças. Já sabíamos tudo ou seria o caso de desistir por ver que os
outros não se preocupavam em melhorar? Além do título imprevisto, o resultado
nos trouxe outra consequência. Esta maléfica, pois o sucesso nos subiu à cabeça
e, em conversa com o Mestre Yoshida manifestou nossa opinião acerca da
superioridade do Karatê da Bahia.
Este homem simples, o mais destacado Mestre de
Judô da Bahia, é, também, e isto vai tornar público pela primeira vez, um dos
grandes responsáveis pelo crescimento do Karatê em nosso Estado. Com um sorriso
Yoshida concordou comigo e me entregou um bilhete em japonês para o Mestre
Tanaka, residente no Rio de Janeiro. Com ele, segundo Yoshida, e o que depois
confirmamos, na prática teríamos alguma coisa a mais para aprender. Nova
viagem, desta vez para o Rio, em 1966. Chegamos à academia do Mestre Yasutaka
Tanaka, em Botafogo, vestimos os kimonos e depois de 4 horas de aulas chegamos
à conclusão que diante do conhecimento superficial e primitivo de que
dispúnhamos, faltava aprender ainda muito. Para ser sincero quase tudo!