domingo, 22 de fevereiro de 2015

RELAÇÃO MESTRE X DISCÍPULO

RELAÇÃO MESTRE X DISCÍPULO

SISTEMA HIERARQUIZADO DE GRADUAÇÃO DE UM FAIXA PRETA EM KARATÊ-DO SHOTOKAN

A relação Mestre / Discípulo é bela, pautada pela liberdade e pelo amor, ao mesmo tempo em que pela hierarquia, disciplina e extrema lealdade. Existem vários tipos de discípulos e diversas fases no discipulado de cada um. É oportuno lembrar que discípulo não é o aluno comum e sim aquele que optou voluntariamente pela via do discipulado quando passou a ter o Grau de CHÊLA, que significa discípulo. Convém recordar que é o discípulo que escolhe o Mestre, depois de se sentir identificado com a proposta e assumir o compromisso de seguir as orientações daquele que orgulhosamente chama de "meu Mestre”. Fora isso, todos os demais são considerados apenas alunos. Se você já escolheu o seu Mestre, descubra que tipo de discípulo é.


DISCÍPULO QUE NÃO ASSUMIU O MESTRE

Este é o tipo de discípulo que desobedece às recomendações do Mestre, ministra uma interpretação do ensinamento de autenticidade duvidosa, incompleta, truncada e distorcida. É anarquista ou festivo na maneira como trata o Karatê-Do. Não é profissional. Quando apanhado, pede desculpas, diz que o fato não se repetirá, mas continua "esquecendo-se", "enganando-se" e sem entender". Pela frente, chama "Querido Mestre", sorri e paparica.

Por trás, faz o que quer, não cumpre, mistura, distorce; pelas costas do Mestre diz que não concorda com ele nisto ou naquilo. Em geral, não forma instrutores. Quando os forma são indisciplinados. Tem medo de concorrência dos seus próprios alunos e dos demais companheiros. Ao ler estas linhas, vai pensar que não se enquadra nesta descrição.


O FALSO DISCÍPULO

Este é um caso mais simples. Ele queria o certificado de instrutor para trabalhar e teve que aceitar as normas. Leu todos os textos, discordou de tudo, considerou tudo muito radical, um disparate, mas mentiu declarando que compreendia e que aceitava todas as imposições, só para receber o certificado. A maioria dos que constituem este tipo de discípulo é proveniente de outros ramos de Karatê-Do, de ideologias espiritualistas ou de seitas. É agressivo, mal-educado, irracional.


O DISCÍPULO QUE MATA O MESTRE

Nas Artes Marciais do Oriente há o provérbio que diz: O melhor discípulo é o que vai matar o Mestre. "Matar", na maior parte das vezes, é simbólico, no sentido de enfrentar, opor-se, medir forças, tentar vencer o preceptor. Tal procedimento destrutivo explica-se. É que, muitas vezes, o melhor pupilo, o mais esforçado, um dia, para mostrar ao seu Mestre que aprendeu tudo muito bem, lamentavelmente quer provar que é melhor que ele. Então, desafia-o. Tudo é uma questão de ego. Felizmente, não é sempre, e não é forçosamente o melhor discípulo que o vai afrontar.


O DISCÍPULO QUE NÃO É NADA

Também há o que tem um olhar meloso, que faz declarações de fidelidade eterna, que diz que um dia vai começar a lecionar, que vai dedicar-se com seriedade à nossa missão, mas... Os anos passam e esse discípulo não faz nada. Tudo para ele é difícil. Todos os seus colegas já realizaram algum coisa importante, mas o discípulo que não é nada passa os anos suspirando prometendo que um dia, quando conseguir, fará alguma coisa. E não faz.


O DISCÍPULO LEAL AO MESTRE

Por outro lado, o discípulo leal ao Mestre é fiel, independentemente da mensagem. Não está com o Mestre por concordar com o que ele diz e sim concorda com o que o Mestre diz porque está com ele! Se o Mestre muda, o discípulo muda também. Se o Mestre deixar o Karatê-Do e começar a ensinar ping-pong, o discípulo leal ao Mestre vai também, por amor, por confiança, por prazer de permanecer ao seu lado.


O DISCÍPULO IDEAL

Existe sim! E, por incrível que pareça, é mesmo a maioria. Alguns dos exemplos anteriores é que são as exceções. O discípulo ideal é simpático, gosta de colaborar, compreende as razões e tem satisfação em cumprir todas as determinações. Dá sugestões, sem críticas nem cobranças.

Quer servir e ajudar. Por outro lado, não aceita críticas sem se defender, e até mesmo as pede. É leal, disciplinado, amoroso e ético. Pela frente trata o Mestre com carinho; por trás, defende-o com lealdade. Ao ler esta descrição identifica-se, reconhece o seu valor e fica feliz por saber que é valorizado pelo que é.